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Anemias (IV) - As Anemias Hemolíticas

Por certo já ouviram falar de alguém que não pode comer favas.
Após a ingestão destas sentem arrepios, febre, dores nas costas e barriga, a tensão arterial baixa muito e de seguida ficam ictéricos (amarelos) e a urina é escuríssima. Esta doença aguda tem o adequado nome de favismo (de favas) e pertence ao grupo das Anemias Hemolíticas (AH). Estas têm origens e causas muito diferentes.
A forma aguda não é a mais frequente. Manifestam-se muitas vezes apenas com os clássicos sintomas de anemia (fadiga crónica, fraqueza, falta de ar, cefaleias, etc.) e uma ligeira icterícia (amarelidão) da esclerótica (branco do olho). Na sua origem está a destruição precoce e anormal dos glóbulos vermelhos (g.v.). Essa destruição tem causas intrínsecas e extrínsecas ao g.v. Entre as extrínsecas destacam-se:

1. Obstáculos mecânicos na circulação do sangue. Em doenças que provocam esplenomegália (baço grande), p. e. paludismo , o baço mais g.v. captura e fragmenta. Também as válvulas cardíacas artificiais ou os aneurismas fragmentam os g.v. Uma grande quantidade destes, o aumento da bilirrubina (substancia amarela derivada da hemoglobina) e sinais laboratoriais de anemia, fazem o diagnóstico de anemia hemolítica microangiopática (microangio = pequeno vaso sanguíneo ). A solução é quase sempre cirúrgica.

2. Auto-agressão imunológica do organismo que destrói os g.v. por ter deixado de os reconhecer como seus. É a anemia hemolítica auto-imune. A existência de auto anticorpos que se unem aos g.v. tornam fácil a sua destruição pelo baço. Existem A.H. por anticorpos quentes (que se manifestam à temperatura do corpo) e A.H. por anticorpos frios ou “ab frigore”.
O laboratório fará um teste de Coombs que se positivo confirma a origem imunológica da anemia. As A.H.“ab frigore” surgem no decorrer de infecções agudas, em leucemias e linfomas e na exposição ao frio. As outras aparecem no Lúpus, mas em 50% das situações não se lhes conhece a causa. Em 1/3 dos casos os corticosteróides são a terapeutica, reservando-se a ablação do baço para os casos em que falham. Outra anemia de causa imunológica é a rara hemoglobinúria paroxística nocturna em que a destruição súbita (paroxística) de grande quantidade de g.v., causa intensa hemoglobinúria (sangue na urina) e formação de coágulos nas grandes veias do abdómen e pernas.

3. Agressão por parasitas do sangue circulante (malária) ou por bactérias várias (septicemia). Quanto ao favismo, explicá-lo-ei no próximo artigo em que abordarei as causas intrinsecas do g.v. que explicam a A.H.

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